Chegou a 3ª edição do festival de arte PARTIDES, uma proposta de arte visual e sonora contemporânea em ambiente agrícola
A terceira edição do festival de arte PARTIDES – visual e sonora – realiza-se no fim de semana de 28 e 29 de setembro. Fá-lo-á em ambiente agrícola, à semelhança das duas primeiras edições, este ano sob o lema “A arte cultiva a alma, a agricultura cultiva a vida”. Ontem de manhã, na sala Àgora da Câmara Municipal, a conferência de imprensa foi realizada pelo vereador da Cultura e Património, Jordi Barberà, e pelos diretores do evento, Jordina Ros e Pere Estadella.
Jordi Barberà iniciou a sua intervenção afirmando que o festival Partides é “uma proposta original, única e atípica que combina arte contemporânea, música, dança e destaca também a agricultura e o setor primário”. Um dos diretores dos eventos, Pere Estadella, comentou que foram escolhidos um total de 8 artistas, uma seleção “nada fácil” porque recebem muitos pedidos e é preciso encontrar uma consistência entre todos eles. Segundo Estadella, as propostas que compõem o programa misturam diversas disciplinas ou conceitos: performances, instalações, arte sonora, movimento… Tudo junto com um elo comum como a terra e o respeito ao meio ambiente.
Por seu lado, Jordina Ros traçou a programação desta edição, que este ano será “muito internacional” com alguns artistas chegando da Polónia ou da Holanda. A proposta conterá um conjunto de instalações artísticas que, juntamente com diversas ações e oficinas, criarão um roteiro dentro da paisagem agrícola. “Serão muitas atuações; um dos objetivos é dar a conhecer esta disciplina”, afirmou.
Uma caminhada sonora percorrerá os arredores
O evento cultural terá início no sábado, 28 de setembro, pelas 11h30, com a abertura, que contará com a presença dos artistas organizadores e autoridades das instituições que apoiam o festival. Como novidade, o evento contará com uma curta ação de Alicja KoreK (Polônia/França) com a peça “From Mouth to Mouth: A terra nos alimenta, mas o que lhe oferecemos em troca?”, uma oferenda ritual para agradecer mãe terra criada especialmente pela PARTIDES.
No pequeno bosque de alfarrobeiras, o público poderá desfrutar de uma intervenção sonora de Peter Bosch & Simone Simons (Ca/Nl) “L’Últim Esforç del Baix Camp”, onde serão apresentados os antigos sulfatadores em forma de uma instalação, objetos que renascem através das oscilações de vibradores pneumáticos.
Thomas Keis e Ivana Pinna (Alemanha/Sardenha) apresentarão a instalação Custodes, uma reflexão sobre as políticas que impõem patentes aos alimentos. Os artistas exploram como o controle corporativo de sementes e patentes agrícolas afetam o equilíbrio natural e os direitos dos agricultores, transformando o seu trabalho numa crítica ao monopólio sobre os recursos naturais essenciais.
Cristina Salvans (Cambrils) apresentará Artificio, instalação que destaca a tensão entre o mundo natural e o artificial. Utilizando a técnica de recobrir flores naturais com porcelana, Salvans nos convida a refletir sobre como a manipulação humana altera a beleza e a fragilidade do natural, transformando-o em uma forma artificial e permanente.
Isabel León (Granada) apresentará Cuerpo Surco, um espetáculo que destaca a riqueza da terra e a realidade sufocante do uso do plástico. Continuando com a disciplina performativa, com “Vamos fazer uma floresta” Enric Maurí (Cardedeu) propõe uma ação coletiva relacionada com as alterações climáticas e a devastação florestal. Este trabalho reflete sobre a destruição dos ecossistemas e a urgência de agir face à crise climática.
À tarde, na casa de pedra, terá lugar a instalação acção/sonora de Pol Ros (Barcelona) “Disruptive Control”, que abre o debate sobre paisagens inundadas por artifícios que transportam energias voláteis com destino a serem consumidas em máquinas servis aos hedoísmo humano.
Num outro espaço PARTIDES, no Mas Abandonat, será realizada uma intervenção de movimento e ação plástica por Aurora Caja (Barcelona/Toulouse) com “No Verbal”, uma história física que nos conta sobre o ser humano desde a sua honestidade mais animal. Uma luta para encontrar a voz num mundo cheio de barulho. Uma rebelião
O dia de sábado encerrará com “Se’ns Moren les Plants”, um passeio sonoro pelos campos PARTIDES de Marc Vilanueva Mir e Francesca Salvà, projeto especialmente adaptado para o festival. Este passeio pedestre convida-nos à escuta e à observação da paisagem como um lugar inusitado. Através do jogo audiovisual, o espaço natural inicial torna-se gradualmente um espaço misterioso, uma alucinação colectiva que desafiará os nossos quadros mentais pré-estabelecidos.
Instalações e oficina sobre terra e memória, no domingo
No domingo, 29 de setembro, além de poder visitar as instalações e intervenções sonoras, e desfrutar das ações e performances, como novidade, será oferecida também a Oficina de Ecoperformance “Pañuelo(s)”, de Alicja Korek, aberta a todos os públicos e sem necessidade de experiência anterior. Desta forma, este ano o festival aposta na disciplina de performance com uma mudança face aos anos anteriores, em que foram oferecidas oficinas de dança e movimento.
O workshop de Alicja Korek oferecerá uma experiência única inspirada na história familiar da sua avó polaca, trabalhando o tema da migração centrado em ícones da terra e da memória. Através de movimentos e gestos refletiremos sobre a terra como um arquivo vivo.
O dia de domingo será encerrado com uma amostra do workshop e um vermute para comemorar as PARTIDES 2024.
PARTIDES conta com o apoio do Conselho Provincial de Tarragona e, este ano, pela primeira vez, da Generalitat de Catalunya, bem como a colaboração do Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Cambrils. Além disso, a organização agradeceu as colaborações locais dos agricultores que doam e participam do festival, como Francesc Pujol, Jaume Serra, Ernest Mas (frutas VerdCamp), Akis e Forn Sant Salvador de Cambrils, e também o colaboradores diários que trabalharam no local na preparação do festival (Cristian Real, Laura Espasa e Pol Ros) e os voluntários que estiveram envolvidos na logística.